Uma
analogia entre seu mito, conforme contato pelo patriarcado e a
história da humanidade.
Textado por Naelyan Wyvern.
A Deusa babilônia Tiamat é conhecida por ser o oceano po
original de Rae Beth, traduzido e adaptrimordial de
onde toda a vida surgiu. Não apenas a vida na Terra, mas a própria
Terra e o Universo inteiro. Este oceano simbolizava um estado no qual
não havia nada, mas ao mesmo tempo possuía todas as coisas em
potencial. Ele era sentido como uma imagem espiritual de poder
criativo que também se manifestava na Terra como seus grandes
oceanos. Tiamat é a governante das marés, internas e externas. Ela
não representa apenas o princípio dos ritmos da natureza, ela
também ordena o destino. Por isso, os fluxos e refluxos da Sorte
estão em suas mãos.
Infelizmente,
a única versão de seu mito que nos foi legada é a versão
patriarcal, conforme contada no Épico da Criação do Enuma Elish.
Mas se olharmos essa versão com atenção poderemos perceber que a
história poderia ser uma metáfora para a história da raça humana.
Tiamat,
a Deusa do Oceano e seu filho e consorte Apsu, Deus das águas
intercontinentais foram a primeira mãe e o primeiro pai de toda a
vida. Eles criaram o Universo e uma raça de Deuses menores.
Os
Deuses menores perturbavam a paz eterna de Tiamat e Apsu e por isso,
Apsu sugeriu destruí-los. Com medo do pai, os Deuses se reuniram e
escolheram um campeão para matá-lo. A dor de Tiamat foi imensa e
ela por fim, decidiu combater os Deuses jovens. Ela criou uma raça
de monstros para combater seus filhos, mas acabou sendo derrotada por
Marduk. Uma vez que eles não podiam destruí-la, os Deuses cortaram
seu corpo em duas partes, usando uma metade para formar o céu e
outra para formar a terra.
Em
um nível, essa é a história da dominação de uma cultura mais
antiga, matriarcal e adoradora da Deusa por uma cultura patriarcal.
Mas por trás desta história política de disputa de poder entre
homens e mulheres jaz outra história sobre os ciclos da criação.
Tiamat,
como a Mãe da Vida, criou todos os seres, junto com seu consorte
Apsu, o Pai de tudo. Ela começou assim, o processo do destino. Seu
consorte estava de acordo com ela e a harmonia e a paz que eles
desfrutavam eram infinitas e eternas. Juntos, eles eram a Fonte de
Toda a Vida. Mas seus filhos (que aqui representam a raça humana)
foram se distanciando da sabedoria original, deixando de ver a terra
como sagrada, envolvendo-se em conflitos, deixando-se levar pela
ganância. Por isso, eles se tornaram barulhentos, causando dor à
Mãe e ao Pai.
O Pai de tudo, prevendo problemas, começou a ter dúvidas. As crianças haviam deixado a paz verdadeira da espiritualidade (a paz do ventre da Mãe) e se entregaram a processos de vida violentos e caóticos. Havia sofrimento, conflito e competição. Isto perturbava Apsu. As crianças finalmente se voltaram contra seus próprios criadores e mataram o pai. Em outras palavras, o harmonioso Apsu, Guardião da Lei Divina, que era um com a Mãe, foi destruído por uma nova forma de energia masculina, beligerante e violenta. O masculino e o feminino entraram em conflito. Uma vez que assassinamos nosso conceito de Leis da Natureza (Apsu) e voltamos nossas costas para o amor (a Deusa Mãe Tiamat) somos obrigados a lidar com a fúria do destino – a perturbação da natureza (A decisão de Tiamat de combater seus filhos).
Tiamat
tentou derrotar as forças beligerantes do patriarcado e talvez isso
tenha limitado o poder dessas forças. Como o final do mito nos
conta, eles não puderam destruí-la. Colocando de outra forma, o
Princípio Feminino do Universo lutou para barrar um poder masculino
desequilibrado, uma vez que o verdadeiro e eterno masculino havia
sido destruído. O sacrifício deste masculino original, que era um
com o feminino e o apoiava, lançou a humanidade em um ciclo de
conflitos, guerras, violência e dor. E será assim até que um novo
ciclo do tempo traga o renascimento do verdadeiro masculino (um
princípio de harmonia e respeito às leis naturais).
Mas
para que a Grande Mãe Tiamat possa novamente dar à luz a Apsu, seu
próprio corpo dividido deves ser reunido. No mundo humano, podemos
ver essa partição do feminino na forma pela qual o patriarcado (em
suas 3 religiões dominantes) vê as mulheres. De um lado uma
prostituta terrena, o corpo “imundo” e pornográfico da mulher
sexual, cheio(segundo os sacerdotes dessas religiões alegam) de
luxúria carnal. De outro um ser espiritual assexuado sem
auto-afirmação ou sensualidade. Uma bela e obediente virgem que mal
tem um corpo e depois se torna (sem nenhum contato carnal) uma figura
materna de auto-sacríficio.
O
que podemos fazer sobre isso começa então dentro de nós mesmos,
com nossas decisões pessoais e individuais. Se nós rejeitarmos a
assim chamada separação entre nossa espiritualidade e nossos corpos
(em particular, a sexualidade de nossos corpos) e celebrarmos o corpo
físico pelo que ele é, uma manifestação dos princípios Divinos,
podemos começar a reunir o corpo partido de Tiamat. Isso significa
reclamar nossa sexualidade como sagrada e de uma beleza vibrante,
quer a expressemos com um parceiro, parceira ou sozinhos. Este é o
princípio por trás da nudez ritual, estar nu não em vergonha ou
temor, mas em orgulho, ao viver sua espiritualidade. Este é o rito
de Tiamat.
Alguns
estudiosos acreditam que a guerra descrita no Enuma Elish pode ter
sido baseada em batalhas físicas reais pela supremacia entre os
povos adoradores da Deusa do sul da Suméria e a civilização
patriarcal em expansão, vinda do norte.
Antes
que possamos virar a maré contra o patriarcado, devemos olhar além
da violência para nos reunirmos, corpo e espírito em um só.
Devemos primeiro curar a velha ferida da dualidade corpo/espírito
que internalizamos dentro de nós. Então, nosso mundo, também
poderá ser um só.
Os
babilônios patriarcais celebravam a destruição do “Monstro
Marinho” Tiamat por Marduk a cada ano. Ela foi associada então a
qualidades “sombrias” – violência caótica, feiúra e malícia.
De seu desmembramento um novo mundo foi criado, um mundo de
autoritarismo e hierarquia, exploração e sofrimento, opressão dos
pobres e o denegrir das mulheres e rebaixamento de seu status em
termos espirituais e políticos. Uma humanidade em desarmonia consigo
mesma e conseqüentemente, com todos os demais seres vivos. É um
mundo que nos parece horrivelmente familiar – pois é o mundo em
que vivemos.
POR: BRUXO JUAREZ GUARDIÃO
POR: BRUXO JUAREZ GUARDIÃO
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